sábado, 18 de janeiro de 2014

O CANSAÇO DA VIDA



CHEGA UM TEMPO em que, de tão velho, o carro não nos carrega. Nós é que o carregamos. Dos faróis ao virabrequim e suas bielas, tudo apresenta desgaste.

A buzina é um gemido. Os limpadores de para-brisa não funcionam. Os vidros das portas não levantam. A lataria apresenta sinais visíveis da ação das intempéries.

O motor, resultado de milhares de quilômetros rodados, já não pega de arranque. Perdeu o pique da arrancada tempestiva. Precisa de ajuda externa. Em breve estará reduzido a um monte de ferro velho a ser consumido pelo tempo.

De igual modo, passamos nós por esse ciclo: nascimento, vida e morte.

"Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; antes que se escureçam o sol, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas; e as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as vozes do canto se baixarem; como também quando temerem o que está alto, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o homem se vai à sua 'eterna casa', e os pranteadores andarão rodeando pela praça; antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu" (Ec 12.1-8).

Chega um tempo em que a vida se torna um fardo. Quem o diz é o Senhor: "A duração de nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos" (Sl 90.10).

O carro velho da vida não funciona como nos tempos da mocidade. A luz de nossos faróis perdem a intensidade. Na pele, sinais visíveis da ação demolidora do tempo.

Os passos tornam-se trôpegos. Os amortecedores e dobradiças do esqueleto diminuem a celeridade no caminhar. Aos poucos, diminuem os decibéis da voz.

O coração sinaliza o cansaço. Batendo em média 80 vezes por minuto, deu cerca de três bilhões de batidas no decorrer de setenta anos. Damos graças a Deus pela criação de motor tão resistente.

Que os moços lembrem-se do Criador por toda a vida, e estejam preparados para os dias de cansaço, antes que se rompa o fio de prata, e o pó volte à terra e o espírito volte a Deus.

Pr Airton Evangelista

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